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segunda-feira, 8 de abril de 2013

5º argumento: O ser imutável não criou


Se Deus existe, é imutável, não se desfigura e nem se pode desfigurar. Enquanto que, na natureza, tudo se modifica, se metamorfoseia, se transforma; que nada é definitivo, mas que chega a sê-lo Deus, ponto fixo, imóvel no tempo e no espaço, não está sujeito a nenhuma modificação, não se transforma, nem pode transformar-se. É hoje o que era ontem, será amanhã o que é hoje. E tanto faz procurá-lo nos séculos passados, como nos séculos futuros: ele é, e será constantemente idêntico em si. Deus é imutável.
No entanto, eu sustento que, se ele criou, não é imutável, porque, neste caso, transmudou-se duas vezes.
Determinar-se a querer é mudar de posição. Ora, é evidente que há mudança entre o ser que quer uma coisa e o que, querendo-a, a põe em execução.
Se eu desejo e quero o que eu não desejava e nem queria a quarenta e oito horas, é porque se produziu em mim, ou a minha volta, uma ou várias circunstâncias que me levaram a querê-lo. Este novo desejo ou querer constitui uma modificação que não se pode por em dúvida, que é indiscutível.
Paralelamente: agir, ou determinar-se a agir, é modificar-se.
Esta dupla modificação — querer e agir — é tanto mais considerável e saliente quando é certo que se trata de uma resolução grave, de uma ação importante.
Deus criou, dizeis vós, crentes. Então modificou-se duas vezes: a primeiro, quando se determinou a criar; a segunda, quando resolveu por em prática sua determinação, completando o gesto criador.
Se ele se modificou duas vezes, não é imutável. E, se não é imutável, não é Deus — não existe.
O ser imutável não criou.