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segunda-feira, 8 de abril de 2013

12º argumento: Deus viola as regras fundamentais de equidade


Admitamos por um instante que o homem é responsável, e veremos como, dentro desta hipótese, a justiça divina viola constantemente as regras mais elementares da equidade.
Se se admite que a prática de justiça não pode ser exercida sem uma sanção; que o magistrado tem, por mandato, fixá-la; e que há uma regra, segundo o qual o sentimento deve pronunciar-se unanimemente, é evidente que, da mesma forma, tem de haver uma escala de mérito e culpabilidade, assim como uma escala de recompensas e de castigos.
Admitindo este princípio, o magistrado que melhor pratica a justiça é aquele que proporciona o mais exatamente possível a recompensa ao mérito e o castigo a culpabilidade. E o magistrado ideal, impecável, perfeito, seria aquele que estabelece uma relação rigorosamente matemática entre o ato e a sanção.
Eu penso que esta regra elementar de justiça é acerta por todos. Pois bem, Deus, distribuindo o Céu e o Inferno, finge conhecer esta regra e viola-a. Qualquer que seja o mérito do homem, esse mérito é limitado (como o próprio homem); e, no entanto, a sanção da recompensa não o é: o Céu não tem limites, ainda que não seja senão pelo seu caráter de perpetuidade. Qualquer que seja a culpabilidade do homem, esta culpabilidade é limitada (como o próprio homem); e, no entanto, o castigo não o é: o Inferno o é: o Inferno é ilimitado, ainda que não seja senão pelo seu caráter de perpetuidade.
Há, pois, uma grande desproporção entre o mérito e a recompensa, entre a falta e a punição: o mérito e a falta são limitados, enquanto que a recompensa e o castigo são ilimitados.
Deus viola, pois, as regras fundamentais da equidade.
Finda aqui a minha tese. Resta-me apenas recapitulá-la e conclui-la.